Fundada em 1855, Jataizinho é o berço norte paranaense. Na década de 20, do século passado, ela abrangia as atuais Londrina, Rolândia, Arapongas, Mandaguari, Maringá, Ibiporã, Cornélio Procópio, Uraí, Sertanópolis, Jaguapitã e Rancho Alegre,sendo território de Jathay. Banhada pelo Rio Tibagi, a cidade ainda guarda riquezas históricas que constrói a identidade cultural da região.
O município passou por diversas fases e a história dessa localidade entrelaça-se com a história do Brasil. Foi palco da redução jesuítica de São José, onde pertencia a coroa espanhola, no século XVII e porto comercial de exploração de diamantes, na mesma época, Colônia Militar de Jataí, em 1851, por ordem de D. Pedro II e de fundamental importância na Gerra do Paraguai; Aldeamento São Pedro de Alcântara, em 1855, com Frei Timóteo; sede da Vice Prefeitura do Sul Brasileiro em 1865; e ponto de partida da colonização do Norte do Paraná.
Secular, vivenciou os três regimes: Monarquia, Império e República. Variados, também, foram os personagens: escravos, índios, imperadores (D. Pedro II), princesas (Isabel), freis, militares, agricultores, políticos e pessoas comuns. Todos contribuindo para constituir a identidade cultural da Colônia Militar que, em quase 100 anos depois, se tornaria município, passando pelo status de aldeamento indígena, freguesia e distrito.
No início do século XVII, após o Brasil se tornar colônia da Espanha, a Coroa Espanhola decidiu estabelecer, às margens do Rio Tibagi, uma redução Jesuítica. Isso se deu por conta das ações dos exploradores Bandeirantes que iam atrás de desbravar novas terras, índios e pedras preciosas. O local se tornou um pequeno porto comercial ligado à exploração de diamantes.
Dois séculos mais tarde, em virtude de conflitos fronteiriços, D. Pedro II estabelece a criação da Colônia Militar de Jataí (1851). Joaquim Francisco Lopes foi o encarregado para a construção de vias de acesso. A Colônia foi de suma importância na resolução da guerra do Paraguai, na qual os países que formavam a tríplice aliança (Brasil, Paraguai e Argentina) saíram vencedores. Documentos relatam que a Colônia Militar era entreposto entre a Província de Curitiba e Cuiabá, prestando relevantes serviços a pátria.
De grande importância também, é a localidade na esfera religiosa. Na segunda metade do século XIX, o Imperador traça orientações para catequizar os aldeamentos indígenas. Assim, entra em cena um dos principais personagens da história local: Frei Timóteo de Castelnuovo. O frei Italiano foi enviado para Jataí e passou a catequizar os índios recolhidos da selva. Em 1865, instalou-se a vice-prefeitura do sul do país em São Pedro de Alcântara, (atual Jataizinho) sob a direção de Frei Timóteo. Sabe-se que a construção da cidade deu-se através da ajuda de 111 índios caíuas e 12 escravos da nação. Entre as etnias indígenas, além dos caíuas vindos do Mato Grosso, viviam os coroados (Kaingangs) e guaranis. Nesta mesma época instalou-se uma escola de primeiras letras e no seu perímetro urbano construiu-se uma igreja, uma ferraria, uma estrebaria, olaria, senzala e diversas casas cobertas com telhas. Porém, a sua derrocada deu-se com o fim da monarquia, pois a República já não apoiava o sistema de aldeamento.
Esquecida até 1920, “Jathay”, como se grafava na época, teve extrema importância para a efetiva colonização e progresso do Norte do Paraná. Ela tornou-se o portal de entrada de muitas famílias que vinham de várias regiões do Brasil e do exterior, em busca do próprio pedaço de chão para plantar as sementes de um futuro melhor. Os imigrantes vinham atraídos pelas propagandas da alta qualidade das terras, que eram vendidas a prazo longo e baixos preços.
A travessia sobre o Tibagi, em direção ao “norte novo”,era feita por balsas e canoas, não havendo rodoviárias ou ponte ferroviária, sendo esta chegando em 1932 e inaugurada em 1935, transpondo a barreira entre o passado e o presente e viabilizando o extraordinário progresso da região.
Graças à argila e areia do Tibagi, as margens de Jataizinho, foi possível a construção dos municípios da região na década de 40 e 50, aonde a cidade chegou a ser considerada a “capital Nacional das cerâmicas”, exportando manilhas, telhas e tijolos para todo o Brasil.
A DIVERSIDADE HISTÓRICA E CULTURAL DE JATAIZINHO
O TERÇO AO DIVINO ESPÍRITO SANTO
Jatai foi a primeira Colônia Militar do Império (1854), elevada a categoria de Vila em 1872, é um dos municípios mais antigos do Brasil. Tinha suas posses até as barrancas do Paranapanema mas foi perdendo divisas ao longo do tempo por questões políticas que influenciava o econômico até tornar-se pequena territorialmente e ter perdido por diversas vezes a autonomia política. Em 1947 o município é restaurado politicamente e passou a ser denominado Jataizinho.
A história dessa localidade é grandiosa, foi construída ao longo dos 500 anos da História do Brasil, tendo refletido nesse pequeno espaço às margens do rio Tibagi acontecimentos importante na história do Brasil. Foi palco das reduções jesuíticas, Guerra do Paraguai, passou pela Monarquia, Império e Republica. Os personagens dessa história são muitos: escravos (amarelos e negros), D. Pedro II, Princesa Isabel, freis, militares, bandeirantes, camponeses, pessoas comuns. Esses homens, com o seu pensar e agir, perpassam o tempo, isso não se verifica só no campo material mas também na espiritualidade.
Jataizinho tem sua história rica até no campo religioso. Há uma festividade centenária que é realizada anualmente na zona rural, que originalmente, como quase todo o norte do Paraná era área de Jataí. A religiosidade rompe a fronteira política, estabelecida por leis, não segue os limites territoriais.
Todos os anos no dia Pentecostes, ocorre a celebração Cristã no qual ocorre a Ascensão do Senhor ao céu, havendo a reversão do Espírito Santo que volta sua luz aos homens e dentro desta comemoração religiosa há a manifestação cultural através do “Terço ao Divino”, evento religioso que ocorre na zona rural denominada de café forte, antigo território de Jataí.
A origem do evento teve início no século XIX e está ligada a uma história familiar, em que o Senhor José Bueno da Fonseca por causa de um desentendimento com a esposa pelo fato de não conseguirem ter um filho, vai à Argentina e fica por lá uns tempos mas retorna trazendo a imagem de uma pomba, talhada em madeira.
José faz o voto de que se a mulher engravidasse, todos os anos faria o “Terço ao Divino” em sua propriedade e ofereceria uma festa aos vizinhos, amigos e parentes em agradecimento a graça recebida. José se comprometeu a fazer uma corrente, ligando todas as gerações da família com intenções de que o culto não rompesse. Sua esposa, Maria Rita, logo engravidou e teve em sua vida um único filho e este teve 8. A família ainda se expande e prossegue com a intenção inicial através das gerações, continuam a divulgar a fé entre amigos, parentes, vizinhos e toda a comunidade. Até os dias atuais a celebração continua a ocorrer.
Com o passar do tempo, muitas pessoas de várias religiões, e regiões vem participar da cerimônia. Agradecem pelas bênçãos recebidas e em cada ano renovam suas esperanças de que o próximo será novamente cheio de graças. Essa manifestação une gerações, não só de uma família, mas de várias, formando uma corrente de irmandade livre de institutos religiosos, movidos apenas pela fé no “Divino Espírito Santo”. As pessoas levam suas bandeiras e as colocam no altar e quando do encerramento, são elevadas ao alto por um enorme mastro, ao som de cânticos de louvores ao Espírito Santo.
A família consegue com a ajuda da comunidade os ingredientes para preparar doces caseiros como abóbora, mamão, que são distribuídos aos fiéis quando do encerramento da celebração, em forma de agradecimento. Com o passar dos anos tem aumentado o número de pessoas que vem em caravanas, buscam o alimento espiritual, atraídas pelas doces palavras da fé.
Artigo Publicado no Jornal Folha Regional mês 05/2002.
A população é convidada para participar da Festa do Divino Espírito Santo, que acontece na secção Café Forte
A festa começa às 14 horas com terço, e na seqüência, a Santa Missa, logo às 15 horas. O evento conta ainda com hasteamento das bandeiras do Divino e o tradicional doce de mamão e abóbora.
Realizada a aproximadamente 140 anos pela família Monteiro, o Louvor do Divino Espírito Santo relembra Pentecostes, que representa a descida do Espírito Santo ocorrido em 50 dias após a Páscoa.
Tradicional evento do município, o Louvor ao Divino deve atrair pessoas de Assaí de outras várias localidades. A festa teve se originou da devoção do pioneiro Fabrício Monteiro que, depois de conseguir a dádiva de poder ter filhos, resolveu pagar sua promessa. Por quase um século e meio, familiares seus têm dado sequência à organização do evento, atualmente comandado por Sebastiana Monteiro, de 82 anos.